quinta-feira, outubro 27, 2005

Dificuldades em comentar

Tenho tido muitas dificuldades em comentar os textos apresentados e perdi várias intervenções....será alguma coisa que tenhamos feito mal'

Cultura e suas relações com o mundo...

Relativamente a uma proposta dos textos que o Professor Varela enviou, e à frase: " Identificar aspectos de funcionamento da escola eventualmente desfavoráveis aos alunos pertencentes a estratos socio-económicos mais baixos e a minorias étnicas " posso talvez tentar dar alguns exemplos:
  1. Impossibilidade de os alunos não poderem, quando não têm aulas, entrar na escola para se agruparem em estudo ou investigação, irem à biblioteca, criarem grupos de produção da sua própria cultura;
  2. Não poderem participar em actividades que decorram fora do seu horário lectivo;
  3. Quando oriundos de outros países e/ou culturas, serem sobrecarregados ainda mais com os tempos de reforço de Língua Portuguesa ( quando os seus melhores professores serão os colegas, num primeiro momento - a minha melhor aluna , era tmbém a melhor aluna em Língua Portuguesa e veio há dois anos da Ucrânia).
  4. O caso da opção religiosa - a maior parte das escolas do país só oferece a disciplina de EMRC, levando assim a uma segregação das outras confissões, bem como a própria alimentação das cantinas que priviligia a comida " continental e ocidental ".

É difícil realmente abarcar alunos que vêem da China, Angola, Ucrânia, Rússia, ou até de etnia cigana, mas aqui os próprios alunos nos dão uma grande lição de solidariedade, compreensão e entre-ajuda

Como já referi, na minha escola temos uma turma de etnia cigana, mas, sinceramente penso que não deixamos de os segregar, colocando-os numa sala de uma outra instituição, vindo só à escola para as " TIC";

No entanto penso ter sido por ter havido por parte dos pais uma recusa em que os seus filhos estivessem numa " escola normal ". Fizemos um currículo que semanalmente pode ser alterado de acordo com o sucesso dos conteúdos e das sugestões do corpo docente, técnico e dos próprios alunos.

Como professores achamos esta forma de trabalho muito mais produtiva do que a " formal", pois temos constantemente acertos de estratégias de acção e de metodologias.

Aparte este testemunho gostaria de apresentar a ideia que a educaão multicultural começa sobretudo nos nossos conceitos de Vida; temos de ser amplamente abertos, esforçados e nunca desistentes. Felizmente, posso dizer que tenho uma boa equipa de colegas, de técnicos, e somos uma equipa que trabalha para/com os alunos, tendo deles uma grande admiração e até um certo "gozo" por sermos os "seus" "profs".

Acho deveras importante o " processo de construção de currículo" que no meu ponto de vista poderia ser entendido como P.C.T., mas aqui há o senão de para a sua aplicação o grupo de professores ter de ser o menor possível, leccionando por áreas e não por discipinas, haver no horário tempos semanais para verificar a aplicabilidade do referido Projecto, organizar e gerir as escolas de forma mais pedagógica e menos administrativa, criar nos grupos alvo um sentido de partilha e de reponsabilização para a prececussão dos objectivos.

Penso que realmente o professor é um " decisor curricular" mas se fôr um grupo de professores, coeso, unido, com os mesmos propósitos o resultado deverá ser mais positivo.

quarta-feira, outubro 26, 2005

«O rio Douro cruzando várias artes» e «O Lugar do Jogo»

Manifestações culturais a nível regional/local
A Direcção de Educação e Investigação (DEI) da Casa da Música (CM) no exterior, promoveu um teatro musical que envolveu professores e 50 alunos da Escola da Ponte de Vila das Aves, Santo Tirso, sob a temática «O rio Douro cruzando várias artes». As crianças com idades compreendidas entre os seis e dez anos, orientadas por monitores da CM, frequentaram várias «sessões pedagógicas e de animação, abordando disciplinas artísticas como a literatura, a interpretação, a expressão plástica e o design, considerando o rio Douro como ponto de partida do processo de aprendizagem. O resultado é uma espécie de teatro musical, onde os alunos se responsabilizaram pela criação de guião, figurinos, textos, música, cenários e interpretação dramática e musical» (J.N., Outubro 23, 2005).
Este projecto é um exemplo de como se pode e deve trabalhar interdisciplinarmente e será apresentado a outras escolas do distrito do Porto, «assumindo-se como alavanca de projectos semelhantes que serão futuramente desenvolvidos pela CM noutros estabelecimentos de ensino» (idem).
O segundo exemplo é um desafio lançado às crianças entre os três e cinco anos pelo serviço educativo da Fundação de Serralves integrado na oficina O Lugar do Jogo.
Madeira, Pedras, Botões, Trapos, Bilhetes e Papéis - este é o tema para o primeiro módulo de trabalho, «ao mesmo tempo que se promove a reutilização de materiais» (N.M. Outubro 23, 2005), e sensibilização e consciencialização da necessidade de cuidar do ambiente.
Cheiros, Cores, Sons, Sabores, Temperaturas, Formas e Texturas -servem de partida para uma viagem «à descoberta de Serralves com os cinco sentidos bem despertos» (idem). As crianças vão desenvolver os sentidos através da confrontação de estímulos: «dançar uma cor, pintar um sabor, desenhar formas inesperadas...» (idem).
Jardins, Lagos, Flores, Vento, Esculturas, Caminhos e Tudo Quanto Existe - estão na base de «investigação para a produção de movimento» ( idem ). O objectivo é desvendar os «segredos de cada elemento, através do corpo: forma, padrão, textura, cor, ritmo...» (idem).
As actividades decorrem ao Domingo de manhã.
Este é um bom exemplo de uma excelente acção educativa de uma instituição ao serviço da comunidade sem envolver directamente as escolas. A comunidade é a própria escola.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Cultura é desenvolvimento

Uma sociedade só é desenvolvida se for suficientemente culta. Não é possível haver desenvolvimento social, económico, tecnológico e cultural se a sociedade for passiva, fechada no seu umbigo, incapaz de se abrir à diversidade, respeitar a multiculturalidade, a diferença e saber interagir com elas.
O poder político (e ainda em resposta ao professor Varela de Freitas) tem sem dúvida culpa pela situação passiva/retrógada em que Portugal se encontra. O poder político central e, especialmente, o regional/local: os Municípios, Câmaras Municipais e Autarquias devem assumir, democraticamente, um papel relevante na implementação de políticas educativas próprias capazes de promover o investimento, a criatividade, a cultura, o desenvolvimento local/regional e consequentemente o desenvolvimento nacional. Todas as manifestações culturais oferecidas por este espaço educativo devem ser aproveitadas pela escola no sentido de enriquecer o currículo, promover a cultura e assegurar a competência cultural, ou seja, proporcionar desenvolvimento.
A escola é um espaço aberto e o seu verdadeiro currículo ultrapassa a simples esfera do edifício, do plano de estudos, do conjunto de disciplinas, do meio social, da família e, comporta em si, políticas educativas regionais, municipais e locais. A escola encontra-se enquadrada num sistema educativo - ligado aos actores locais: instituições, associações, autarquias, municípios - que deve dar resposta; é uma parceira deste sistema e o seu currículo é o projecto de desenvolvimento desta realidade.
As parcerias educacionais desempenham, portanto, um papel significativo na acção educativa, devem assumir protagonismo na elaboração do Projecto Educativo da Escola, potenciam a exploração de manifestações culturais relevantes, desenvolvem o currículo e a competência cultural.
Pena é que o poder político invista, muitas vezes, em iniciativas culturais de carácter duvidoso que pouco ou nada trazem de vantajoso para a escola ou para a educação em geral.

A escola como comunidade educativa

A comunidade educativa compõe-se pelos vários actores e agentes locais: escola, município, instituições e associações locais, ligados entre si por relações de parceria, de programas conjuntos, de protocolos de colaboração, contribuindo para a construção de um espaço educativo congruente que resulta da aplicação de uma determinada política educativa, com base num sistema educativo adequado. Este sistema educativo deve envolver uma «grande diversidade de actores e movimentos» (Fernandes, 2005, p.193) para que a acção educativa seja aberta «alargada e envolvente» (idem).
Neste contexto, a escola, partindo da unidade nacional do currículo, deve contemplar a diversidade cultural que um currículo deve assumir e, assim, privilegiar e caracterizar a diferença entre escolas, meios socias e culturais, respondendo a questões da seguinte natureza: quem somos? Para quem somos? Porque existimos? A quem nos dirigimos?
Bibliografia:
FERNANDES, A. Sousa. «Contextos da intervenção educativa local e a experiência dos municípios portugueses» em João Formosinho, António Sousa Fernandes, Joaquim Machado e Fernando Ilídio Ferreira, Administração da Educação. Lógicas burocráticas e lógicas de mediação, Porto: Edições Asa, 2005, pp. 193-221.

Música ao entardecer...aqui, na UM

Após várias exposições e comentários sobre competência cultural, apoios estatais e dinamismo das escolas resolvi, hoje, Domingo ir assistir a um concerto apoiado pela UM - IEC, organizado pelo mestrado em Educação Musical,2005/06, no Salão Medieval do Largo do Paço, às 18.00horas ( cheguei um pouco atrasado) onde tocaram um violinista, bracarense e ( para nosso orgulho ) filho de dois dos nossos professores, ( Doutora Elisa Lessa e Dr. Manuel simões), um violoncelista Lisboeta (pelo que li no programa ) e um pianista estrangeiro. Todos eles alunos na Holanda, jovens, mas com um " savoir-faire " que me sensibilizou.
Àparte este interlúdio, reparei que havia, na assistência, pessoas de várias idades, desde bebés a gente menos nova, mas todos com uma sensação de êxtase.
Estiveram presentes o Digníssimo Reitor da Universidade, o Director do IEC, entre outros, e reparei que a sala estava completamete cheia.
Depois de escutar o trio, ( ver programa na pág.http://www.iec.uminho.pt), fiquei com a sensação de que realmente foi um entardecer sereno, em boa companhia, ideal para servir como alavanca para uma semana de trabalho!
Depois do concerto ouvi dizer : " realmente, seria bom haver todos os domingos um entardecer assim..."
Parabéns UM, IEC, Doutora Elisa Lessa.
E assim, naturalmente, cumpriram-se três conceitos de currículo ( tudo o que acontece na escola; desenvolvimento das nossas competências culturais; Escola Aberta).
Afinal, estamos no caminho certo!