quarta-feira, março 16, 2005

Fim – ou princípio?


Quando enviei a minha “mensagem final” não pensei bem que escrevia “final”. Na verdade, combináramos que poderíamos manter vivo este blog, que apesar de quase não ter “sinais vitais” ainda tem algumas visitas todas as semanas. Pois bem, agora que arrumámos as nossas contas, por que não continuar? A vossa vida está impregnada de cultura – e como tantas vezes referimos, são co-responsáveis, nas vossas escolas, pelo currículo. Gostaria que os laços não se quebrassem.

Publiquei n’A memória Flutuante um post sobre nós. Transcrevo-o aqui.

Mais sobre avaliação – desta vez, de alunos

Passei o fim-de-semana à volta dos portfolios dos meus alunos do curso de mestrado em Educação Musical, os mesmos que estiveram na génese e no desenvolvimento de um blog (Currículo & Cultura) http://curriculoecultura.blogspot.com/ , que tinha o mesmo nome da disciplina de que fui professor (do 1º semestre). Eram apenas 9 alunos, todos eles com formação no âmbito da música e todos eles ligados à docência, uns em escolas profissionais, outros em escolas de formação geral; uns com formação musical apurada, com alto padrão de exigência, outros mais vocacionados para o ensino das bases, para a aprendizagem do que é elementar.

Desde há uns anos que em cursos de mestrado enveredei por propor aos meus alunos uma avaliação por portfolio. O facto de serem poucos alunos, de termos normalmente no decurso das aulas oportunidade de dialogar e portanto de ter elementos avaliativos acerca do que cada um pensa e é capaz de expor, deixa-me margem para eliminar qualquer tipo de “exame” ou de “trabalho” específico e dar aos estudantes a oportunidade de serem mais criativos e autênticos. O portfolio surge assim como uma oportunidade de cada um revelar como compreendeu o seu percurso na disciplina, o que ela lhe revelou – ou perturbou. Sugiro sempre que cada um adicione quaisquer elementos colhidos no dia-a-dia que possam contribuir para aumentar o conhecimento na área em estudo. Aceito qualquer formato: mas nos últimos dois anos todos, praticamente, preferem o formato digital, se bem que normalmente entreguem também um exemplar em papel.

Para mim, o dia (ou dias, se forem muitos!) de análise dos portfolios é sempre um dia normalmente agradável. Ontem, para ale, de ler, fui convidado a ouvir – porque dois dos meus alunos tiveram a gentileza de incluir CDs com as suas interpretações. Foi um extra que amenizou a tarefa.

Para converter a avaliação numa classificação – que é a parte mais desagradável da tarefa docente – uso uma ficha (não gosto muito do termo “grelha”) na qual atribuo um valor, numa escala de 5 pontos, a itens como “Organização/Apresentação”, “Capacidade de enquadramento teórico”, “Juízo crítico”, “Expressão escrita”, etc. Tenho depois de interpretar o resultado e moderá-lo, ainda, com a impressão geral que tenho do aluno por toda a participação no curso (neste caso, incluindo a que foi concretizada no blog).

É um processo essencialmente qualitativo, não o escondo, potencialmente gerador de algum germe de injustiça; mas, para mim, muito mais confortável do que um outro qualquer que sujeitasse os estudantes a uma prova tipo exame, a qual pode proporcionar também germes de injustiça.

Terminada a tarefa deste fim-de-semana, vou deixar passar mais um ou dois dias, rever as minhas fichas e ponderar se os resultados a que cheguei devem ser os definitivos. Terminada essa tarefa, enviarei a cada um dos meus alunos, por e-mail, cópia da ficha com o resultado e a classificação.

Uma reflexão final: se o número de alunos fosse muito grande, este tipo de avaliação-classificação não seria possível.