quinta-feira, dezembro 30, 2004
De fugida...
Bem, mas não foi para abordar estas questões que resolvi participar hoje no blog. Aliás esta participação deveria ter como objectivo apresentar o trabalho pedido mas realmente ainda não foi possível. Acontece que, inicialmente, era uma “visita”, mas depois de ler as intervenções não pude deixar de escrever um agradecimento e dizer que também fiquei horrorizada com as imagens que vi (só ontem) sobre a catástrofe, e deixar um pensamento: só é pena que os homens se unam, da maneira como se tem verificado, perante acontecimentos tão dramáticos como este. Como o mundo seria diferente se esta onda de solidariedade existisse sempre que dela houvesse necessidade!
domingo, dezembro 12, 2004
Concerto do Natal
Um comentário
Encontrar este blog foi uma forma de encontrar textos teóricos que suportam muita da minha prática docente e ainda mais aquilo que vou reflectindo sobre a escola. Considero mesmo que é essencial que os professores tenham uma perspectiva consolidada da pós-modernidade, pois é uma realidade com que temos de viver.Agradeço a menção ao meu blog, pois de facto aquilo que me preocupa é o paradigma da pós-modernidade.
quinta-feira, dezembro 02, 2004
Mais sobre TIC
A educação sempre necessitou de tecnologias de comunicação: afinal, quando um professor se dirige aos seus alunos usa uma tecnologia simples, sempre pronta, a fala… Quando escreve, seja numa ardósia, numa transparência de retroprojector ou numa apresentação em PowerPoint usa tecnologias diversas de escrita. A rádio, a televisão, foram e são ainda tecnologias educacionalmente importantes.
Mas na verdade só com a era digital se deu uma revolução sem paralelo, uma revolução continuada, em que de dia para dia surgem novos aperfeiçoamentos.
Eu costumo dizer que a escola foi capaz de ignorar tecnologias importantes, que prometeram muito e foram muito ignoradas (caso da televisão, que apesar de ter sido e ainda ser utilizada nunca foi devidamente explorada), mas não vai ser capaz de ignorar os computadores.
Muitas vezes, penso que a maior parte dos professores ainda não se deu conta desta mudança fundamental no que diz respeito à informação e na escola continua a pensar que a sua função é apenas transmitir conhecimentos. Ora (e isso foi dito pela Sara) uma criança chega hoje à escola com mais conhecimentos do que no passado, dada a exposição que tem à informação com que é bombardeada todos os dias. Claro que o currículo escolar prevê – normalmente – um conjunto de matérias que podem estar fora desses conhecimentos e que podem ser necessários para a formação dos alunos.
Mas o importante é que o ambiente mudou: ontem, os alunos iam para a escola e viam no professor aquele que sabia; hoje, eles têm dúzias de “professores”.
A mudança implica, portanto, que a escola se acomode (no bom sentido) ao tal novo ambiente e use a sua influência num campo essencial: a aquisição da informação e a sua transformação em conhecimento. Estarão os professores preparados para isso? Na verdade, a maioria não está – e não só aqui em Portugal. Mesmo nos Estados Unidos, onde o convívio com os computadores já existia em pleno nos anos 80 do século passado, ainda há muitas resistências e muito ensino tradicional.
Mas já existem muitas experiências interessantes. Aconselho-os a visitar o site do Nónio onde poderão “navegar” e ter uma ideia do que se vai fazendo nas nossas escolas.
Bom, amanhã continuaremos a nossa conversa ao vivo…
O uso das novas tecnologias
Mas a minha participação hoje tem a ver com o post da Isabel sobre o uso das TIC: concordo totalmente que estas tecnologias permitem um acesso à informação de uma forma surpreendente. E, da forma como as instituições se tem preocupado com este assunto, mesmo aquelas pessoas que não possuem computador em casa tem possibilidade de consultar a Internet em outros locais. Portanto, penso que não é neste ponto que existem problemas. Os problemas, a meu ver, encontram-se na nova forma de alfabetização que essas tecnologias realmente exigem e no facto de que não chega ter a informação disponível para que se tenha o conhecimento (como foi referido pelo Sr. Professor). Posso ilustrar a minha opinião relatando o que se tem passado nas aulas de Área Projecto pois o facto de, este ano, ter cinco turmas dá-me possibilidade de reflectir e tirar algumas conclusões desta prática.
Quando chegámos à fase de recolha de informação sobre os subtemas que os diferentes grupos tinham escolhido, a vontade demonstrada por eles foi a de pesquisar na Internet. À questão colocada por mim se sabiam como fazer essa pesquisa, se já tinham utilizado esse recurso, a maior parte dos alunos respondeu, convictamente, que sim. Só que o seu saber resumia-se a ligar o computador e pouco mais… Constatei que esse saber é muito mecanizado, não é “pensado”, “reflectido”: ao menor contratempo já não sabem como proceder. Outro problema que surgiu, mais grave do que o anterior, tem a ver com a ideia que os alunos fazem da Internet e de como se realiza o processo de recolha e tratamento dos dados recolhidos. A primeira ideia é que a Internet é um local onde podem encontrar informação, depois de a encontrar basta imprimir e o trabalho está feito. A maior parte das vezes nem sequer sabem do que se trata porque o texto é de leitura difícil ou então nem o tentaram ler! Posso dizer que não está a ser fácil o tratamento da informação principalmente devido à relutância demonstrada na leitura dos documentos obtidos. Aliás, depois de uma primeira visita à sala de Informática tivemos que fazer uma nova pesquisa, depois de algumas aulas de reflexão sobre a forma como tudo se tinha processado.
Penso que este caso demonstra bem a necessidade que existe de “formar os alunos para uma assimilação crítica da informação” como é referido pela Sara.
E para os professores que estão pouco receptivos ao uso das novas tecnologias será cada vez mais difícil familiarizarem-se com elas pois o seu desenvolvimento é constante. É um pouco o que acontece com este blog: nas primeiras semanas, por razões de trabalho, não me foi possível ler os comentários que aí apareceram. Quando acedi, para perceber os mais recentes tive que fazer uma leitura de todos os outros, começando logo pelo primeiro. E,neste momento, é necessário uma “visita” regular para não perder a “pedalada”. Penso que, da mesma forma, quanto mais tempo os professores demorarem a usar (seja nas aulas ou em qualquer outra situação) as novas tecnologias, mais difícil será apropriarem-se do conhecimento e das técnicas necessárias (referidas pelo Sr. Professor) para delas tirarem partido. E, como acredito que o caminho para o futuro passa, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento dessas novas tecnologias, atitudes pouco receptivas ou de recusa em o aceitar não deverão ser tomadas por alguém que tem um papel importante na formação dos adultos do amanhã.
quarta-feira, dezembro 01, 2004
Currículo, Cultura, TIC…
A incursão que a Isabel faz no domínio das TIC (tecnologias da informação e comunicação) poderá ser discutida no amplo debate sobre a escola pós-moderna.
As TIC proporcionam, a um expoente inimaginável há apenas uns anos, uma informação completíssima sem praticamente barreiras de acesso. Estamos, todos os dias, a verificá-lo. Simplesmente, ter a informação não é ter o conhecimento. Umberto Eco (vejam aqui a sua biografia) no seu livro Como se faz uma tese em ciências humanas chama a atenção, com a ironia que o caracteriza, para a tendência que muitos estudantes (e não só estudantes…) têm de fazer imensas fotocópias de livros, artigos, na ilusão de que tendo as fotocópias têm o conhecimento do que nelas existe, o que é evidentemente falso. Ao possuir a fotocópia armazenámos informação, mas o conhecimento exige o tratamento dessa informação.
Pode argumentar-se que mesmo sem TIC o problema era o mesmo. Que vale ter uma biblioteca de 20 000 volumes se não forem lidos? É verdade, mas o que está em causa é a acessibilidade. E é sobre este aspecto que gostaria de dizer à Isabel que embora num primeiro momento possa parecer que esta nova sociedade de informação favorecerá apenas uma elite, que por mais rica pode aceder aos seus benefícios, mais tarde ela expandir-se-á a todos, pelo embaratecimento do hardware. Um dia virá em que computadores poderosos poderão ser vendidos a muito baixo preço. Claro que isso não chega, mas a educação ajudará.
Por isso os professores não podem alhear-se do valor das TIC e devem apropriar-se dos conhecimentos e das técnicas necessárias para delas tirarem partido nas suas aulas. Esta tendência actual constitui parte integrante da cultura que estamos a construir. Ou não?
Espírito de missão e profissionalismo
A palavra missão vem do latim missione-, que significa o acto de enviar; o missionário (palavra que deve ter sido importada do francês) é aquele que é “enviado” para cumprir uma tarefa determinada. Foi e é no campo religioso que concebemos o missionário, e a meu ver é por comparação com a sua fé e o seu zelo que, em relação a certas profissões (médico, professor…) se fala de um trabalho de missão.
Provavelmente assimilam-se sobretudo as condições difíceis de actuação: o missionário enfrenta um meio hostil, sofre privações, tudo pelo ideal, porque tem uma missão a cumprir. Médicos e professores também têm por vezes dificuldades, e não podem (não devem) evitá-las. Mas eles não são “enviados” de ninguém, são profissionais. Um profissional é alguém que se preparou solidamente para executar tarefas especializadas, recebe por isso um pagamento e assumiu certos compromissos de ordem ética. Esses compromissos éticos podem confundir-se com o “espírito de missão” – o médico que se levanta às quatro da manhã para atender um doente; o professor que vive isolado na aldeia. Mas esses actos têm origem diferente: são actos profissionais, não são actos evangélicos.
Se me perguntarem como classifico um professor que decidiu, por exemplo, ir ensinar para Timor (onde não encontrará uma vida fácil), sugerindo que foi por missão, eu direi que não, ele foi como profissional, sabendo que com a sua acção contribuirá para o desenvolvimento do país. Isso não invalida que ele (ou ela!) tenha sentido um apelo humanitário. Mas na sua actuação é (tem de ser) um profissional.
Pessoalmente, considero que sou dedicado à minha profissão, consagrei-lhe sempre toda a minha actividade (mesmo quando parecia que não trabalhava para ela), vivi momentos complicados e exigentes, mas nunca me senti missionário, nunca senti que era enviado de ninguém a não ser de mim próprio.
O que não quer dizer que não compreenda posições diferentes…
terça-feira, novembro 30, 2004
Professor: Missão ou Profissão?
Gostaria de tecer algumas considerações sobre a profissão do professor na era em que vivemos, isto porque na aula de sexta-feira foi abordada esta questão pela segunda vez sob a perspectiva de missão e profissão. Nas duas situações não fiz qualquer observação pois ainda não consegui tomar uma posição sobre este assunto, apesar de já ter reflectido sobre ele. Talvez fosse importante definir previamente o que se entende por missão mas penso que basta referir algumas palavras que obrigatoriamente se associam à sua definição: dedicação, esforço, disponibilidade, competência para atingir um determinado objectivo…Agora surge a pergunta: até que ponto a escola actual não necessita de professores cuja actuação se defina desta forma? Foi referido o caso da escola da Ponte: será que a concretização e o sucesso deste projecto não dependeu dos professores que aí leccionavam? Certamente que sim até porque esses professores foram escolhidos, e só participaram aqueles que realmente mostraram disponibilidade e vontade para o fazer. Será que esses professores viram o seu trabalho só como profissão? Penso que não até porque, por tudo aquilo que implicava, alguns não “aguentaram” e desistiram. Talvez não devesse ser missão mas, por vezes, difere em tão poucos aspectos que é natural que seja entendida ou confundida como tal.
Para tentar clarificar um pouco as ideias resolvi investigar na Internet: utilizando as palavras “missão”, “profissão” e “professor” encontrei (para meu espanto) 28.300 documentos escritos em Português! Para já ainda só fiz uma breve leitura dos primeiros mas propunha, porque me pareceu interessante, uma leitura por parte do grupo, de alguns deles.
Para terminar gostaria de fazer uma breve referência ao livro “Mudança e Inovação na Pós-Modernidade”: apesar de só ter lido, ainda, os primeiros capítulos posso afirmar que é um dos textos mais interessantes e esclarecedores que li sobre este assunto. E que remete para uma série de outros autores e publicações que, de certeza, constituem uma excelente referência.
sexta-feira, novembro 26, 2004
Mais um visitante...
quinta-feira, novembro 25, 2004
Reflexões sobre a inquietação
Por isso, fico feliz quando encontro gente jovem – e menos jovem... – gozando o prazer de busca da verdade. E vós prefigurais essa busca, respondendo ao desafio de caracterizar a cultura pós-moderna. Usando a “arma” que convencionámos, mais tacitamente do que por definição prévia, que seria a nossa: a Internet, através do nosso blog.
Já vos cumprimentei pela produtividade – textos encontrados, “sites” descobertos, reflexão participada, tudo isso em pouco dias. Estou certo que amanhã teremos uma boa tarde de discussão para a qual deixo, aqui, algumas sugestões.
Quais as características da pós-modernidade que mais têm afectado a escola?
Poder-se-á falar de currículos pós-modernos, em contraposição com currículos tradicionais?
Será que ”as mudanças da sociedade ameaçam a escola”?
Qual o papel das tecnologias mais sofisticadas na educação de amanhã?
Quais as possíveis repercussões culturais derivadas do mundo pós-moderno?
Espero que outras, vossas, se juntem a estas.
*****
Estive hoje de manhã numa sessão de homenagem ao Professor Doutor Vítor Aguiar e Silva, que foi docente das Universidades de Coimbra e do Minho, e que se reformou há dois anos. Aguiar e Silva foi (é) um investigador da literatura portuguesa, grande camonista, e durante a sua estadia em Braga mereceu a admiração e o respeito pelas suas grandes qualidades. Foi uma homenagem emocionante, em especial porque o elogio do homenageado foi feito por uma sua antiga professora de Coimbra, a Doutora Maria Helena Rocha Pereira, hoje com 79 anos, que evocou o seu passado de estudante universitário. Inquieto, como eu presumi que serão os alunos de hoje, os que querem aprender. Inquieto ainda hoje, quando, ao agradecer a homenagem, se manifestou preocupado com a “empresarialização” das universidades, que tende a esquecer a sua vertente cultural profunda.
Tivemos uma visita...
De: Miguel Pinto
Data: 11/24/04 21:27:30
Para: vfreitas@iec.uminho.pt
Assunto: [Currículo & Cultura] 11/24/2004 09:27:15 PM
Agradeço a referência ao Outro olhar e felicito-as pelo arrojo e dinâmica que transparece dos vossos textos. A comunidade docente pulsa intensamente na blogosfera. Parabéns.
--Posted by Miguel Pinto to Currículo & Cultura at 11/24/2004 09:27:15 PM
Como sabem, o nosso blog não é aberto, mas não devemos deixar de sentir satisfação por quem assim nos julga.
Logo farei os tais comentários...
quarta-feira, novembro 24, 2004
Sobre a evolução da sociedade e a educação
Achei o projecto “Internet na Escola Básica Inicial” muito interessante e, por coincidência, veio de encontro à reflexão que tenho andado a fazer com todas estas leituras e também devido a um episódio que aconteceu a semana passada numa das minhas aulas de Área Projecto, que passo a descrever: nessa aula levei os meus alunos para a sala de Informática para pesquisar na Internet sobre os temas escolhidos, nessa pesquisa apareceu um site de uma escola, também EB1, que achamos interessantíssimo pelo que a nossa vontade foi de fazer uma apresentação dos trabalhos de uma forma semelhante, ou seja, através de um site na Internet. Mas deparamos com o problema de nem eu nem o meu colega (nem nenhum dos alunos) sabermos como construir páginas na Internet. Este problema, a reflexão sobre como resolve-lo e os textos que li no Blog mostram que ser professor nos dias de hoje é um grande desafio pois a evolução tecnológica acontece tão rapidamente que tenho a sensação que basta um momento de desatenção para “perder o comboio”e ficarmos pelo caminho… Será que não é isto que está a acontecer em relação à educação? Será que a evolução da sociedade e as consequentes alterações que se dão a diferentes níveis ocorrem de uma forma tão rápida que torna quase impossível o seu acompanhamento por parte da escola? E, mesmo que houvesse uma vontade de todos os agentes intervenientes no processo será que o sistema, da forma como funciona neste momento, será passível de ser alterado num espaço de tempo tão curto? E estas perguntas trazem outro tema a discussão que é a forma como se realiza a formação/actualização dos professores. Assunto polémico e sobre ele só gostaria de deixar aqui uma ideia que defendo e, que este ano já ouvi outro colega que frequenta outro mestrado e que não conhecia, defender também: penso que os professores deveriam ter, depois de alguns anos de serviço, um ano em que fossem dispensados das aulas e que, obrigatoriamente, frequentassem um curso de actualização numa Universidade ou Instituto Politécnico. Há muita informação, fruto da investigação que continuamente se realiza, que é necessário os professores conhecerem para que depois possam modificar/adequar a sua prática na escola levando desta forma uma lufada de ar fresco que, muitas vezes, é quanto basta para que aquela escola volte a tornar válida a razão da sua existência para os seus alunos.
Antes de terminar gostaria de fazer uma referência a outro tema: o da educação através de outros meios como os de comunicação, em particular a televisão. Sobre um aspecto deste tema fiz um breve comentário no dia 12 deste mês e, só para ilustrar esse comentário refiro, como exemplo, três programas televisivos que podem ser utilizados nas aulas. O primeiro é o “Ponto Verde”, o segundo “Causas Comuns” e o terceiro “Zig Zag” (conjunto de programas infantis em que existe sempre um episódio no qual as crianças podem observar a forma como outras crianças, que vivem em países diferentes do seu, pertencentes a outras culturas, vivem o seu dia-a-dia. Penso que são óptimas oportunidades que o professor tem para trabalhar com os seus alunos utilizando um meio audiovisual que lhes é familiar e, por si só, motivador para eles.
Escola EB1 de Guimarães nº 10 - MOTELO
Para ler o texto sugerido pela Dalila
Comentário 1
terça-feira, novembro 23, 2004
A educação na pós-modernidade
Na pesquisa que estive a fazer sobre o tema apresentado para as próximas semanas encontrei um texto que achei bastante interessante sobre o ensino no momento histórico actual. Apesar do tema central ser “ A formação do profissional enfermeiro baseada no modelo proposto por Donald A. Schon”, a primeira parte é uma reflexão sobre a era pós-moderna abordando diversos aspectos que, a meu ver, tem todo o interesse para os professores actuais. Por isso proponho a sua leitura aqui.
domingo, novembro 21, 2004
O último tópico para discussão
Entretanto, o último tópico que previ para análise e discussão é “A cultura pós-moderna e o currículo escolar”. Proponho, assim, que para as duas próximas sextas-feiras (26 de Novembro e 3 de Dezembro) seja esse o tema. Começaremos por falar da mudança (relembrando Fullan) e passaremos depois à cultura pós-moderna. Também nesta área há uma revista electrónica, Postmoderm Culture, que vale a pena visitar.
Há, em português, um livro importante, Mudança e Inovação na Pós-Modernidade. Perspectivas Curriculares, de Margarida Ramires Fernandes (Edição Porto Editora, Colecção Ciências da Educação, 2000) e um artigo, por mim publicado também em 2000 na Revista de Educação intitulado “O currículo em debate: positivismo – pós-modernismo; Teoria – prática”, que, não estando on line, vou enviar por e-mail a cada um de vós.
Bom trabalho!
segunda-feira, novembro 15, 2004
Diversidade cultural: o visível e o invisível nas culturas.
Há, portanto, uma visibilidade nas culturas quase indispensável para as podermos entender.
E para além do visível? Não haverá traços invisíveis, dependentes da cultura, que em certos momentos determinarão actos visíveis – mas se escondem de nós, porventura ciosos da sua intimidade? Permanecendo na Ásia, não será a celebrada “paciência do chinês” um dado cultural, escassamente visível, mas claramente existente?
Não podemos, nem devemos, generalizar – mas creio que estes aspectos, ou seja, do que é visível e invisível nas culturas, merecem alguma atenção dos educadores e podem (ou devem?) ser tidos em atenção nos currículos escolares.
Quando pensei em introduzir esta rubrica no programa da disciplina, devo confessá-lo, não tentei qualquer busca sistemática na Internet; mas agora, ao fazê-lo, verifiquei que o Google me indicou 472 000 páginas em que os três termos (visível, invisível, cultura) se interligavam. Mais: aprendi que desde 1998 existe uma revista electrónica, intitulada Invisible Culture – A Electronical Journal for Visual Culture (aceda "clicando").
sexta-feira, novembro 12, 2004
Penso que realmente é muito difícil para os professores libertarem-se "dos espartilhos que os tem tolhido"(como foi referido pelo Sr. Prof. numa das intervenções), mas por vezes, a forma como "tudo" está organizado não possibilita essa libertação, mesmo no caso dos que querem e procuram tornar a libertação uma realidade. Posso dar como exemplo o que aconteceu com a disciplina de Ed. Musical que, com a reorganização curricular, passou a ter uma carga horária de noventa minutos semanais na maior parte das escolas. Como também já foi referido, quando estamos com uma turma de vinte alunos estamos a lidar com a diferença, mesmo que esses alunos venham de estratos sócio-económico-culturais semelhantes pois eles são diferentes - por isso o processo ensino-aprendizagem deve ser individualizado. Só considerando as difereças podemos promove a igualdade de oportunidades - dar a cada um a oportunidade de crescer, de se desenvolver não só nos aspectos em que tem mais capacidade mas também nos que demonstra mais dificuldade. Mas isto só é possivel se conhecermos minimamente essas diferenças. E o conhecimento requere tempo. Como é possivel aos professores de Ed. Musical, que leccionam um disciplina que só tem noventa minutos semanais, conhecer os seus alunos? Será que este facto não condiciona ou torna mesmo inviável a forma como todo o processo deveria acontecer?
O segundo aspecto também tem a ver com a actuação do professor e relaciona-se com a mudança que está a ocorrer na sociedade relativamente à importância dos média, na forma como influênciam a vida de todos nós. Penso que, neste caso, o posicionamento adoptado pela maior parte dos professores pode e deve ser alterado. Cada vez mais mais cedo e de uma forma mais intensa as crianças contactam com a televisão, a Internet e outros audio-visuais. Os professores não podem negar ou ignorar este facto. Pelo contrário, penso que os professores devem retirar desta realidade tudo o que de positivo ela possa oferecer para atingir os objectivos propostos. Porque a necessária "compreensão dos alunos e daquilo que trazem para a aula" referido por C. Cardoso no texto "Pedagogias diferenciadas para a educação multicultural. Como?" só existe se tivermos em conta todas as suas vivências e muitas dessas vivências ocorrem no contacto que esses alunos tem com os média no seu dia-a-dia.
quinta-feira, novembro 11, 2004
Minorias étnicas – discriminação positiva – “affirmative action”
Na verdade, nos comentários que fiz ao texto do grupo Assunção-Isabel-João Paulo-Sara eu já introduzira o problema da discriminação positiva; aliás, a Sara, em post de ontem (10-11), teceu considerações importantes sobre o mesmo tema.
É evidente que o conceito de “minoria étnica” revela já a posição dominante de quem não se considera minoria (será, portanto, “maioria”…) Essa posição, que se pode confundir um pouco com arrogância, é porventura o aspecto que mais dificulta qualquer tentativa de interculturalidade. Recordo-me vagamente de um dia ter lido que, para efeitos interpretação de uma determinada prova psicológica, ela era calibrada tendo em atenção o adulto branco, “normal” e culto…
Nos Estados Unidos – onde estes problemas sempre tiveram maior acuidade – no Código Civil de 1866 constava que era garantido a todos os cidadãos "the same right to make and enforce contracts ... as is enjoyed by white citizens ... " (conservo o inglês por ser mais saboroso...). Bom, a Guerra Civil (1861-1865) apenas tinha acabado…
E no entanto, como sabem, ainda cem anos depois Luther King sonhava com a emancipação total dos negros (que ainda não aconteceu). Talvez por isso se tenha de compreender que a discriminação positiva encontre adeptos, como acontece modernamente com um conceito paralelo, a “affirmative action”, que até tem uma Associação (siga o link).
É fácil ser contra – invocando os princípios que expõem; mas não haverá uma grande diferença entre o que se diz, o que se pensa e o que se faz? Descodifico: quando dizem que “ao avaliarmos os nossos sentimentos em relação a minorias étnicas, não estamos a distinguir o que à partida consideramos semelhante?”, eu posso perguntar: consideramos, dizemos que consideramos, pensamos que consideramos… e o que fazemos para expressar essa consideração?
Lembro que neste momento a Holanda está efervescente por causa do assassinato de Theo van Gogh – 40% da população branca deseja que os muçulmanos abandonem o país…
Não é fácil – nem deve ser possível – chegar a conclusões satisfatórias.
Amanhã prevejo algumas boas discussões…
Um aditamento
Concluindo...
Há um autor que aprecio muito, Michael Fullan, professor no Ontario Institute for Studies in Education da Universidade de Toronto, no Canadá, que tem publicado extensamente sobre o tema mudança. (Acedam aqui a uma entrevista recente que ele concedeu ao Journal of Staff Development)
Poderão encontrar na nossa biblioteca livros de sua autoria como The New Meaning of Educational Change ou Change Forces: Probing the Depths of Educational Reform. Pena não existir um dos mais recentes, Leading in a Culture of Change.
Curiosamente, hoje mesmo, ao visitar o blog Abrupto, do político José Pacheco Pereira, deparei com estes parágrafos:
LER, ESCREVER, CONTAR E VER TELEVISÃO
Querem exemplo mais claro da necessidade de mudança?
Por aqui me fico, amanhã discutiremos estes e outros pontos na nossa sessão presencial.
quarta-feira, novembro 10, 2004
Continuando...
Dizem que nem todos os professores aproveitarão plenamente a liberdade que lhes é concedida; têm razão. A esmagadora maioria dos professores não só não a aproveita como, por vezes, a usa menos bem.
Eu parto sempre da ideia, que tento fazer compreender aos meus alunos, que o currículo não é o livro de texto (manual), não é o “programa” que o Ministério da Educação aprova, mas sim o que acontece quando professor e alunos se encontram (não necessariamente na sala de aula). Por exemplo, neste momento, eu estou convosco, a distância e ainda por cima de modo assíncrono, a construir o currículo da disciplina de Currículo e Cultura…
Claro que o ensino superior permite uma maior liberdade de acção, mas mesmo a outros níveis de ensino é possível (mais: é desejável) ter em atenção os alunos, estar atento ao que acontece à nossa volta, para podermos contextualizar as aprendizagens.
Aquilo que habitualmente se chama criar a motivação nos alunos é apenas o captar a sua atenção e vontade de aprender pelo despertar o seu interesse pelas aprendizagens que se querem eles apropriem. Quanto mais simples e actuais forem os motivadores, mais facilmente se consegue a motivação; e aqui, a liberdade de acção do professor é muito grande.
Sejamos no entanto justos: não é fácil, para os professores portugueses, a libertação dos espartilhos que os têm tolhido – manuais, programas… O nosso sistema de ensino é muito rígido (sinais recentes de mudança foram bloqueados, e pior do que isso, medidas tomadas contrariam a visão estratégica que existia e tendia a flexibilizar o currículo), contem ameaças (a Inspecção, por exemplo, que embora seja mais uma ameaça platónica de vez em quando fere) e, para cúmulo, nem sempre a relação escola – família funciona bem.
Contudo, não sendo fácil, é esse o caminho. Porquê?
Em primeiro lugar, porque estamos, em qualquer situação, a lidar com a diferença. Mesmo quando os nossos alunos provêm de estratos socio-económicos-culturais semelhantes, eles são diferentes; cada um terá uma maneira mais eficaz de aprender, e ignorar isso é minar a capacidade de o professor ter êxito. Por outras palavras, o processo de ensino-aprendizagem deve ser individualizado. Muitas pessoas pensam que só crianças com dificuldades de aprendizagem devam ter planos individualizados de aprendizagem, mas não. Uma turma com 20 ou mais crianças (sem problemas) não pode ser comandada como um exército; cada criança é um caso que tem de ser compreendido e acompanhado para tirar o máximo das suas potencialidades.
Por isso estou inteiramento de acordo convosco quando dizem que “a mudança… deve ser centrada no processo educativo”.
Farei ainda uma terceira visita ao blog para terminar esta análise.
Considerações sobre o texto da Assunção, Isabel, João Paulo e Sara
Há uma tradução em português deste livro (existe pelo menos um exemplar na Biblioteca da UM – Abade da Loureira); mas há vários exemplares na língua original e na Biblioteca do IEC uma tradução espanhola.
A visão muito politizada do currículo não deixa de ter razão. Por muito que se possa discordar, toda a educação tem um fundo político. Contudo, não pode deixar de se reconhecer que ao longo do tempo a educação tem tido como efeito promoções sociais significativas, que são mais visíveis quando toda estrutura da sociedade tende para uma igualização de facto.
Por vezes, tende a pensar-se que em educação deve funcionar o princípio da “discriminação positiva”, que teria como efeito conceder aos mais desfavorecidos condições de excepção para superarem as suas dificuldades (como por exemplo, no acesso ao ensino superior, a selecção poder ser menos exigente para alunos com handicaps a fim de permitir a continuação nos estudos, instituindo um sistema de quotas).
(Sobre este ponto, podem ler, aqui, um texto publicado em Educational Horizons, em 1995).
Um outro problema que levantaram e que foi muito popular no final dos anos 60 do século XX é o das expectativas dos professores e do que elas podem representar para a aprendizagem dos estudantes. Não sei se já ouviram falar da experiência que é conhecida como “Pigmaleão na Escola”. Têm, aqui, um pequeno texto introdutório.
Mas há um livro em português (Professores e Alunos Pigmaleões, de J. H. Barros de Oliveira, Edição da Livraria Almedina). Há vários exemplares nas Bibliotecas da UM, incluindo na do IEC.
Continuarei a analisar o vosso texto; penso que para já há matéria suficiente para poderem mais tarde aprofundar a discussão.
quinta-feira, novembro 04, 2004
Visitar Belgais e o seu projecto educativo
Ao "navegar" pela Internet deparei com um site interessante que não sei se é do conhecimento de todos. Visitem-no aqui (é importante ter o som do computador activo para melhor apreciarem).
sábado, outubro 23, 2004
Um texto recente
sexta-feira, outubro 22, 2004
sexta-feira, outubro 01, 2004
A começar
Começámos hoje a nossa disciplina de "Currículo e Cultura" do Mestrado em Estudos da Criança, especialidade de Educação Musical. Uma de vós referiu o blog criado pelo curso anterior e todos pareceram ser tecnologicamente disponíveis para introduzir, no nosso processo de aprendizagem, instrumentos diversos dos habituais. Por que não continuar a tradição e criar, já, um blog nosso? Onde cada um(a) possa conversar a distância, editar as suas ideias, transmitir as suas dúvidas, sempre com a perspectiva de aprender?
Está pois nas vossas mãos - mais do que nas minhas - manter vivo este sítio. O meu papel deve ser, aqui como noutras instâncias, ajudar a crescer e crescer eu próprio devido a vós. Aguardo, pois, as contribuições. Todo(a)s serão bem vindo(a)s.